sábado, 22 de setembro de 2012

Quanto custa?

Hoje é sábado e sim, ainda fumo. Lembro como fosse exatamente ontem, costumava andar à noite, caminhar sempre foi um meio que encontrei para abrandar os pensamentos, resolvê-los, alongá-los, deixá-los seguir o percurso. Entrei no boteco, pessoas sentadas nas mesas falantes e malandras, pedi ligeiro, foi a primeira vez.

- Eu quero um cigarro.
- Oi?
- Um cigarro, quanto custa?

Dei as primeiras tragadas entre tonterias e alívios supremos, vagante, observador, abstraindo minhas memórias a cada baforada mais penetrante. Acendi outro, logo depois. Ainda buscava o charme preciso das tragadas, o jeito de ajeitá-lo entre os dedos, a forma peculiar do fumante reflexivo, soltando fumaças densas, marcando o seu território. Após este primeiro ensaio tabagista, jamais consegui deixar de adentrar em botecos e adquirir mais um maço. Completaram-se seis anos esfumaçados desde esta fatídica data. E agora, com impulso de humano racional que não se presta à auto-destruição, resolvo abandonar a nicotina e dar término absoluto neste acender e apagar constante. Relatarei aqui minha decisão, aventura, minhas coragens, receios, fracassos, vitórias e conclusões. O motivo da minha separação dos cigarros é óbvio: mata. E me sinto verdadeiramente inclinado a abandonar estes malefícios. O fato de ser dependente de uma substância ferozmente viciante também me perturba, não me simpatizo com amarras, viver livre é o meu caminho. Por hoje tenho ainda razoável meio maço desta mistura de fumos alucinantes, e começa aqui - neste processo de fim que será gradativo, e não drástico - a minha despedida desta relação amorosa e odiosa, como todos os laços intensamente marcantes.

Estou mais perto de mim.

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